Pés cansados

Fiz mais do que posso
Vi mais do que aguento
E a areia nos meus olhos é a mesma
que acolheu minhas pegadas.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados
voltam pra você.

Eu lutei contra tudo
Eu fugi do que era seguro
Descobri que é possível viver só
Mas num mundo sem verdade.[...]

Pra você
Sem medo de te pertencer
Volto pra você.[...]

Meus pés cansados de lutar
Meus pés cansados de fugir
Os mesmos pés cansados
voltam pra você.

Sandy Leah

Sonho

"Sentirei saudades quando acordar"

Alice no País das Maravilhas

Vida rara

Hoje já não tenho a dor me corroendo as beiradas. Disso sobrou saudade em abundância, alastrando-se em todos os espaços: lugares que andávamos, telefonemas infinitos, conversas ingênuas ou não. Todo meu caminho ainda contempla teus passos, teus laços inquietos de afeto, ansiedade, carinho e carência.

Confesso sem medo que se pudesse escolher... A saudade não seria a minha preferida e sim sua presença. Mas guardo sempre as palavras duras que me faziam pensar nos erros, sem deixar mágoa por serem realmente duras e sei, outras não soariam nem se encaixariam tão bem quanto as suas ainda se encaixam.

Quando resolvo falar dos meus dias ruins, dos medos, da insegurança eterna que parece não sarar, te toda essa confusão que me atormenta... Adormeço e ouço a música cantada tantas vezes, poucos dias antes do silêncio: “Sente o céu repara o mar que há muito mais pra eu te mostrar. Não chore não, não fique triste assim”

Mais uma vez recorro ao teu eterno dicionário de respostas certas ao que não compreendo sobre mim. Pergunto-me como alguém pôde estar tão por dentro. Estou começando a entender que achou uma fresta por onde pudesse passar e é assim que permanece presente.

Conto com tua companhia, hoje, mais suave, de intensidade mais branda e continuo tentando, seguindo com uma veracidade que não sei de onde veio, mas que provavelmente se orgulharia em falar, ou reclamar... Quem sabe!? E assim, me és a mesma delicada lembrança de sempre, branca neve, copo de leite.

Existe... Eu sinto!

São ossos e músculos, cartilagens, tendões, nervos, gânglios... Perfeitamente interligados, um arcabouço inteiro pronto a servir. Conduzem um desenvolver constante de tudo que é mecânica. São eles, responsáveis pela vida, pela promoção de todo seu movimento, de uma simples manifestação de lubrificação dos olhos (piscar), inteiramente inconsciente, mas não menos importante.

Quando se começa a busca pelos passos, dizemos haver a sucessão de reações de proteção que desencadearão finalmente o andar e sem pensar faz-se no dia-a-dia uma das mais simples atividades. Acabamos não mais pensando em colocar um pé e depois o outro, não pensamos em precisar equilibrar-se à medida que todo um corpo sustenta-se em apenas um deles, não pensamos em contrair e relaxar diversos músculos enquanto uma das pernas se eleva.

E a gente esquece. Esquece que isso que hoje nos rege, não será substituído. Deixamos então que o tempo tome como próprio o que de direito é nosso. Toda a estrutura desgasta-se rápido demais quando a deixamos exposta, quando nos permitimos usá-la sem limites.

Sinta! Tudo isso é seu, é de vontade sua usá-la e escolher como usá-la. Cuide! Tudo isso um dia enfraquece, acaba esquecendo você também.

Enquanto tudo trabalha a seu favor, esforce-se e trabalhe a favor do todo. Promova no mínimo o básico: espreguiçar-se! Alongamento de músculos que permaneceram relaxados durante toda noite de sono, enfrentarão melhor mais um dia, quando nos damos ao luxo de esticar-se. Ande, corra, dance, nade... Faça-se ator e articulador, morador ativo e cuidador do seu próprio ser.

Jamais conseguirá fazer eterno o que o tempo devora. Mas proteja o quanto puder.

Fisioterapia!

"Conhecer os outros é inteligência, conhecer a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se é verdadeiro poder"

Lao Tsé