segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sobre estar feliz

Há tempos não me dedicava ao que me dá impulsão, o dom sempre mencionado de criatividade. A empresa em que tornei minha vida aliada cansava-me cada segundo física e mentalmente. E pouco a pouco o medo de errar foi sendo substituído pela vontade de crescer. Queria encaixar um “mais” literal em tudo que me regia... E aqui estou. Obcecada por um hoje, por tudo que antes me fazia chorar e algo mais, um TOQUE DE PIMENTA que admirei por, quem sabe, sempre! Dedico agora o acelerado tempo ao que me circula, com prazer no que faço. Feliz por ter chegado aonde cheguei e decididamente ansiosa, como sempre, ao que me espera.

Elas resolveram darem-se as mãos e me seguir, de uma vez só, sim a felicidade e a paz, que ainda não sabia onde tinham ido parar, novamente visitam meu destino. Os passos antes apressados seguindo cada segundo programado, não se tornaram brandos, agora são mais rápidos ainda, o som do salto ressalta o ar de segurança com que piso agora. A mente como sempre se dedica ao quebra-cabeça sem fim, tentando incessantemente conduzir cada pecinha ao lugar certo e sempre parece ter alguma faltando. Perfeccionismo! Acreditei que um dia ele deixaria de parecer simples implicância e me serviria como benefício. Hoje cada detalhe com que me preocupei e para muitos pareciam não importar tornou-se destaque no que faço.

E ando me deliciando a essa festa dentro e fora de mim. Tudo parece dar voltas e voltas, e eu me mantenho firme, inabalável a tanta novidade. Pensei ser longo e árduo o que me esperava, e um dia, talvez seria assim repleta, cheia de vida como já fui. Mas esse dia perece ter chegado. Sou consciente de que não será fácil, mas algo dentro de mim prometeu ter coragem de enfrentar alguns muitos desafios. E as músicas que ouço independente do que falem me fazem sorrir enquanto olho o vazio que passa pela janela, à cada movimento que faço, lugares e coisas que vejo me inspiram novidade. Minha criatividade parece ter acordado de vez e agora acompanha meu ar de euforia.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meu nome é mulher

Eu era a Eva

Criada para a felicidade de Adão

Mais tarde fui Maria

Dando à luz ao Salvador

Mas isso não bastaria

Para eu encontrar perdão.

Passei a ser Amélia

A mulher de verdade

Para a sociedade

Não tinha a menor vaidade

Mas sonhava com a igualdade.

Muito tempo depois decidi:

Não dá mais!

Quero minha dignidade

Tenho meus ideais!

Hoje não sou só esposa ou filha

Sou pai, mãe, arrimo de família

Sou caminhoneira, taxista,

Piloto de avião, policial feminina,

Operária em construção...

Ao mundo peço licença

Para atuar onde quiser

Meu sobrenome é COMPETÊNCIA

E meu nome é MULHER!

Autor desconhecido

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pé de nabo

Ser assim é uma delícia
Desse jeito como eu sou
De outro jeito dá preguiça
Sou assim pronto e acabou

A comida de costume
Como bem e não regulo
Mas tem sempre alguns legumes
Que eu não sei como eu engulo

Brincadeira, choradeira,
Pra quem vive uma vida inteira
Mentirinha, falsidade,
Pra quem vive só pela metade

Quando alguém me desaponta
Paro tudo e dou um tempo
Dali a pouco eu me dou conta
Que ninguém é cem por cento

Seja um príncipe ou um sapo
Seja um bicho ou uma pessoa
Até mesmo um pé-de-nabo
Tem alguma coisa boa

Palavra Cantada

Futura contradição

Desejei fundo que não fosse você. Esperei o tempo passar, brinquei comigo mesma tentando brincar com um nós, me magoei tentando magoar você. Esperei não mais me procurar, e não ouvi ninguém mais dizer: “ele está apaixonado!”

Hoje ando complementando o que falta e esperando não chegar o dia de ouvir: “Não te quero mais!”

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Meio a meio

Olhei pra ela esperando encontrar o sorriso estampado, rasgado no rosto sincero que costumava ter, encontrei um olhar ansioso por algo que agora dificilmente eu via acontecer. Ela que gostava de um mimo, um gesto, um dengo, um jeito carente que ele proporcionava, apareceu com um outro, meio brinquedo de exibição, parado no tempo e no espaço, meio lindo ao mesmo tempo torto, estranho e até um pouco desconfiado. Ela o olha sem ância, parece passivo. Não fluía mais a brisa suave que conectava os lábios. Era meio que ímã esse novo contato, mas ao contrário da bela união de opostos aparentava mais a repelência de ambos os lados. Agora iguais. As palavras dela mudaram da maciez de um amor, para o viver o agora, e o amanhã que tanto estimulava ambos, dessa vez ousou ir embora.

Parece que ela ainda espera que ele volte, se redima do erro, assuma a angustia dos dois e tudo volte a ser assim: intenso. Eles eram diferentes, de sintonia harmoniosa, brigas constantes e abraços afogados de desejo. Costumávamos presenciar os encontros tão cheios dele e dela, preenchendo o ambiente com presença, perfume e certo sarcasmo.

Comentamos de vez em quando o quanto parece estranho realmente o que ela se tornou, o nome dele aparenta incomodar, dói fundo. Ela se retorce na cadeira quando tocamos no assunto, vira indiscretamente pro lado. Não consegue conter, espera que ele esteja lá, de novo, sozinho e triste por não tê-la. Lembro do sumiço que ele deu. Proposital, não querer vê-la novamente foi usado como solução. Minimiza a dor num bar, numa banda, num copo de líquido, contanto que tenha álcool, afogar a mágoa, afogar ele mesmo pra não precisar sentir tanto apreço por alguém que não mais te convém.

Agora tudo muda, entre amigos, inimigos e entre todos nós. Policiamos-nos de vez em quando pra não magoar ninguém, mas até assim parece inevitável. Nossa presença já é o bastante. É recordação. Cada um de nós machuca um pouco a ferida de cada um dos dois.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cicatriz

Desejei fundo saber o que dizer! Mas palavra nenhuma, sentimento nenhum parecia se encaixar no que eu sentia. E a parte que me coube foi o que mais me magoa. Minha boca era silêncio. O timbre da sua voz roca parecia estridente, quase ensurdecedor, abrindo novamente a cicatriz. E as palavras inoportunas ditas mais uma vez por quem eu menos esperei ouvir: “Estranha!” A maquiagem se desfazia com o vento frio que soprava. Os olhares que me cercavam confirmavam convictos de que ele tinha razão. Acompanhavam-me repetindo o que eu não esqueceria por dias: “Estranha!”

E não mais palavras, não mais resposta. O que parecia paz, bem nas minhas costas virava vulcão e começava a estremecer tudo que achei ser porto seguro. Os planos em vão, a surpresa agora tão inoportuna. Deixei passar, como se não fosse de mim pra você.

Pensava ser doce o amargo que você sentia ao me ver. A leveza que me rodeou por um bom tempo desaparecia durante o monólogo, e por mais que me esforçasse para não absorver o que ouvia a carga de ter errado começava a pesar novamente. Enquanto a noite virava madrugada revirei o baú tentando resgatar acontecimentos passados e toquei no fundo vazio. Um vazio que parecia não existir pra você, talvez porque esqueci que guardar essas lembranças, ou você guardou-as por mim sem mostrá-las sem referir que existiam. E agora ao devolvê-las não consigo carregar.

E lembranças que pareciam saborosas na casca, começam a se abrir em suculentos desarranjos. Minha memória havia se acostumado a se imaginar sem falhas e isso soava música suave em minha vida meio conturbada. Agora tudo aprece voltar a constante incerteza de antes.


sábado, 14 de agosto de 2010

Entre amigos e amores

Confesso, não soube diferenciar de cara. Diziam-me muitos, que os melhores amigos um dia poderiam se transformar em nossos grandes amores, e eu claro, sempre incontestável, recusava-me a acreditar que fosse verdade. E desculpe-me quem insiste em repetir, mas eu estava certa! Dessa vez não preciso ir contra minha teimosia incansável que coordena tantos assuntos.

Os amigos se misturam a nossa vida de um jeito delicado, cauteloso, com medo de sair e sem medo de entrar, e assim permanecem por longas datas e caso sejam os melhores, serão pra sempre mesmo que distantes, mesmo que ausentes, a gente apenas sente que foram e sempre serão amigos.

E amores, são amores! Entrelaçados em formas e sentimentos diferentes insistem em penetrar em nossa vida, de um jeito ou de outro. Pela saudade, rancor e mesmo amizade. E um bom, e nada acessível amigo. Para ir contra tudo que eu acreditava ser verdade! Não, não estou me contradizendo. Não apaixonei por um amigo, descobri que essa foi à forma que ele (o amor) resolveu desorganizar minha vida. Primeiro a repulsa se tornou amizade, esta começou a se desenrolar em confiança, e na distância saudade, e na saudade necessidade e assim os sentimentos rapidamente se multiplicam. Acabei perdendo o controle da coisa toda, transformações aconteciam de forma exponencial, tão rápido que não pude conter. Acontece!

Recusamos-nos de todas as formas a aceitar! Desapegados de lema cravado. Os programas passavam por nós despercebidos de doze para meia dúzia, até percebemos que eram apenas casais. Estávamos sempre metidos em mãos entrelaçadas e conversas particulares, tudo que não nos diz respeito. Até que chegamos a dois, não a sós, mesmo acompanhados de tantos outros éramos apenas os dois. Por telefone, por beijo, pela saudade, unidos de algum jeito a amizade inventava desculpas pra não mais ser unicamente amizade.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Só isso, às vezes, basta!

Às vezes monotonia, às vezes euforia! Estar permanentemente com alguém tem disso, e tem mais, tem carência, tem afeto, tem falta de jeito, tem apreço pelo gesto. Deitada ao seu lado, tentando imaginar o que se passa em sua cabeça nesse exato momento. Bem que eu podia conter a curiosidade pelo menos dessa vez. Mas parece que o impulso de perguntar não passa pelo meu controle, a pergunta sai fluida, como se fosse instinto. E ele olha pra mim como se isso refletisse falta de assunto. “Em você!” - Pensando em mim fazendo o quê? “Nada, tava só pensando em você! E você, pensando em quê?” – Nada! Menti. Às vezes queria saber mentir tão bem sobre coisas quanto minto sobre meus pensamentos, na verdade eles correm num flash que minha lembrança não acompanha e na maioria das vezes nem preciso mentir, quando percebo, passou e eu esqueci. Realmente a resposta vem convenientemente com o pensamento - nada. A pergunta quebra qualquer coisa que passava na mente no momento e o que resta o vazio e a resposta perfeitamente adequada.

E o nada começa a tomar conta do espaço. E dele! Penso se não o tivesse ao lado... O nada seria mais real do que parece nesse momento. Preciso de alguma coisa, um movimento, uma palavra, sinto necessidade de vida em momentos que parecem vagos. Mas nada! Ele parece nem estar ali, logo do lado, na verdade colado a mim. Mas mesmo tão perto, não o sinto. O espaço vazio começa a ficar apertado, eu movo meu corpo de um lado para outro tentando passar minha inquietude para ele, mas ele parece ter se acostumado com minha constante agitação. Olho para ele. E mantém o olhar fixo em algo que não consigo ver, sigo a linha do seu olhar e como já esperava, mais uma vez - nada!

Tento não mais incomodar, permanecer também imóvel e ocupar minha cabeça com qualquer outra coisa, mas a única coisa que vem em mente é tentar interagir. Mas, como sempre pressão psicológica me paralisa, e se for minha... O turbilhão parece tomar conta dos meus impulsos nervosos, e mil coisas me passam em mente.

Quando percebo estou acordando, ele diz que vai embora, já está tarde. Como dormi? Porque não aproveitei só um pouco mais? Eu podia dormir outra hora. Adormecer pareceu ser plena perda de tempo. Deixei de aproveitar um pouco mais, ou não. Mais tarde senti saudade, lembrei do corpo sempre quente que aquecia minhas costas e mão grande sob minha barriga. Senti um o vento gelado nessas noites de chuva vindo de onde ele se retirou. Era tudo que eu precisava, dormir aquecida pelo teu calor por mim não percebido, mas que sopra ausência assim que decide sair.


Não mais por muito tempo, voltei!


Estou eu voltando como sempre à rotina que tanto me embrulha o estômago. Que mulher estranha! O que bulhunfas eu estou fazendo aqui? Alguém pode me explicar? Aquelas cadeiras acolchoadas de azul marinho me desestimulam tanto quanto o lugar e o assunto abordado. Parecia como sempre que eu era a única perdida naquela sala quadrada. E comecei a reparar nas paredes, na falta de móveis e no mau gosto do lugar. Como de costume assumi meu posto de voadora! De repente a voz falando não mais era a mesma. Volto de meus devaneios e começo novamente a ouvir do que se trata o assunto. Que revolta a dele! Porque isso? E parece que agora todos estão inquietos e ela, se altera, grita, faz um bico depois calmamente tenta contornar a situação. Tarde demais, os dois servem de chacota para os presentes. E ela volta ao assunto, falando qual a roupa adequada para usar. Da ética profissional e tudo mais. Que eu lembre, acabou de ter um ataque com sei lá o quê, ou seja, falta de ética. Tudo bem. Outra ao seu lado repete sobre o que vestir, diz não ter haver com vaidade, diz não se importar com isso. Não? Caso esteja errada me corrija! Mas esse blazer que está usando está em alta, mesmo não combinando com nada do resto do figurino, o blazer foi de bom gosto, mas as peças parecem não casarem. Continuam falando muito e quase nada importa, e eu mais uma vez cansei de prestar atenção. Voltei a imaginar coisas, que nem eu sei o que eram, mas estavam me mantendo quieta naquele lugar por mais um tempo. Peguei o cel e digitei uma mensagem que havia planejado enviar dois dias antes e passou pelo sentido. Enviada. Olhei o cel por mais alguns segundos esperando que algo acontecesse. Nada! Lembrei que sabia o número de cabeça, de tanto discar, mas não estava em minha agenda. Resolvi gravar. Se um dia alguém precisar... Mas quem iria precisar de um número na minha agenda? Deixa pra lá, gravei mesmo assim. Ouço alguém perguntar se estou entretida mais uma vez com jogos no cel. Ao meu lado, uma delas também nada interessada no assunto passa o tempo olhando o que estou fazendo, e responde: “Não ela ta fazendo outra coisa”.

O tempo parece não passar, lembro que não comi antes de sair de casa. E agora sei que o embrulho no estômago é isso. E é o que tira minha atenção no momento. Fazem um sorteio, para saber quem ficará responsável por cada grupo. E eu, desejando com todas as minhas forças que fosse alguém agradável. Recordei-me mais uma vez daquele incidente desagradável que nosso grupo passou a pouco tempo. “Entre amores e desamores, fiquei com os desamores!” Essa frase martela em minha cabeça. Desejei entender o significado daquilo, não consegui, agora prefiro acreditar que o erro não tem nada haver comigo. Fiz minha parte, estou de alma lavada. E pra falar a verdade até gostei da experiência! Agora tudo começa outra vez, e obrigada ao tempo veloz, se aproxima do fim. E pra mim, um recomeço!