segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Só isso, às vezes, basta!

Às vezes monotonia, às vezes euforia! Estar permanentemente com alguém tem disso, e tem mais, tem carência, tem afeto, tem falta de jeito, tem apreço pelo gesto. Deitada ao seu lado, tentando imaginar o que se passa em sua cabeça nesse exato momento. Bem que eu podia conter a curiosidade pelo menos dessa vez. Mas parece que o impulso de perguntar não passa pelo meu controle, a pergunta sai fluida, como se fosse instinto. E ele olha pra mim como se isso refletisse falta de assunto. “Em você!” - Pensando em mim fazendo o quê? “Nada, tava só pensando em você! E você, pensando em quê?” – Nada! Menti. Às vezes queria saber mentir tão bem sobre coisas quanto minto sobre meus pensamentos, na verdade eles correm num flash que minha lembrança não acompanha e na maioria das vezes nem preciso mentir, quando percebo, passou e eu esqueci. Realmente a resposta vem convenientemente com o pensamento - nada. A pergunta quebra qualquer coisa que passava na mente no momento e o que resta o vazio e a resposta perfeitamente adequada.

E o nada começa a tomar conta do espaço. E dele! Penso se não o tivesse ao lado... O nada seria mais real do que parece nesse momento. Preciso de alguma coisa, um movimento, uma palavra, sinto necessidade de vida em momentos que parecem vagos. Mas nada! Ele parece nem estar ali, logo do lado, na verdade colado a mim. Mas mesmo tão perto, não o sinto. O espaço vazio começa a ficar apertado, eu movo meu corpo de um lado para outro tentando passar minha inquietude para ele, mas ele parece ter se acostumado com minha constante agitação. Olho para ele. E mantém o olhar fixo em algo que não consigo ver, sigo a linha do seu olhar e como já esperava, mais uma vez - nada!

Tento não mais incomodar, permanecer também imóvel e ocupar minha cabeça com qualquer outra coisa, mas a única coisa que vem em mente é tentar interagir. Mas, como sempre pressão psicológica me paralisa, e se for minha... O turbilhão parece tomar conta dos meus impulsos nervosos, e mil coisas me passam em mente.

Quando percebo estou acordando, ele diz que vai embora, já está tarde. Como dormi? Porque não aproveitei só um pouco mais? Eu podia dormir outra hora. Adormecer pareceu ser plena perda de tempo. Deixei de aproveitar um pouco mais, ou não. Mais tarde senti saudade, lembrei do corpo sempre quente que aquecia minhas costas e mão grande sob minha barriga. Senti um o vento gelado nessas noites de chuva vindo de onde ele se retirou. Era tudo que eu precisava, dormir aquecida pelo teu calor por mim não percebido, mas que sopra ausência assim que decide sair.


Um comentário:

TMA joão pessoa pb, brasil disse...

que texto lindo x'.
adoro vim aqui e ler essas suas palavrinhas!

:*