domingo, 12 de setembro de 2010

Conto

Enquanto todas elas sonham em serem princesas de seu próprio castelo. Com príncipe, fadas, sonhos, cores e flores. Ela anda tentando apressar os passos pra não perder a carruagem, não deseja sentar-se no aconchegante espaço interno, levemente acolchoado e coberto de cetins e franjas. Essa pressa que envolve suas pernas deseja chegar até as rédeas. E Conduzi-la.

Alternar os caminhos, seguir por onde tiver vontade. Passar das conversas nem sempre oportunas do interior da carruagem, para o doce cheiro do vento banhado da liberdade. A liberdade que parecia tão distante, foi encontrada no lado de fora, tão perto. No banco da frente! Por ela abriu mão do conforto, dos cabelos sempre arrumados, da maquiagem intacta durante toda a viagem, das roupas impecáveis, sempre elogiadas e até invejadas.

Respira fundo a cada passo longo, tenta a cada batuque do sapato no chão recuperar o fôlego e chegar mais perto. As rédeas balançam contra o vento dificultando tocá-las. Pensa em desistir quando o coração acelerado começa a mostrar sinais de fraqueza, parece parar e retomar o fôlego como se tivesse acabado de começar a correr.

E ao segurá-las sentada sob o cavalo, como tanto desejou, o sorriso largo esconde a mágoa no peito. Sorri como se nunca houvesse sorrido antes, o sol forte queima a pele clara e lembra o quão suave parecia do lado de dentro. Mas mesmo sabendo que a solidão rodeia o posto de condutora... Ela agora parece mais perto de si. No tão sonhado reino: liberdade!

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